Lua Nova e Solstício de Inverno: um portal silencioso para o renascimento interior
Nesta manhã de 25 de junho de 2025, às 7h33, a Lua entrou na sua fase Nova. Um detalhe astronômico? Talvez. Mas para quem caminha de mãos dadas com a natureza e escuta os sussurros do invisível, essa mudança não passa despercebida.
Somada ao Solstício de Inverno, ocorrido no dia 20, ela nos coloca diante de um portal energético poderoso — um portal de recolhimento, encerramento e recomeço.
Mas o que isso realmente significa na prática da nossa vida emocional, espiritual e energética?
❄️ O Inverno como um útero
O Solstício de Inverno marca o dia mais longo da noite. É quando o Sol parece dormir mais profundamente, e a Terra se veste de silêncio. No hemisfério sul, isso acontece em junho, nos convidando a sair do mundo e voltar para dentro — como uma semente que se recolhe no escuro da terra antes de brotar.
Espiritualmente, o inverno representa o útero cósmico. Um lugar de pausa, morte simbólica e gestação. Ao contrário do que nossa cultura imediatista nos ensina, nem tudo precisa florescer o tempo todo. Há grande poder em morrer para renascer.
Essa estação nos leva ao território da introspecção, da revisão de vida, da escuta interior. Quem somos sem o aplauso, sem a correria, sem a luz? Quem somos quando tudo lá fora desacelera e tudo dentro começa a sussurrar?
🌑 A Lua Nova: o vazio criativo
A Lua Nova chega como uma companheira perfeita nesse cenário. Ela simboliza o vazio fértil — o espaço antes da criação, o instante em que tudo ainda é possível, mas nada ainda foi manifestado.
Na astrologia e nos saberes antigos, a Lua Nova é o momento ideal para plantar novas sementes. Não qualquer semente, mas aquelas que brotam da escuta, do autoconhecimento, do verdadeiro desejo da alma.
Por isso, quando a Lua Nova coincide com o ciclo do inverno, somos chamadas a fazer uma pausa ainda mais profunda:
- Revisar os ciclos emocionais que estamos repetindo.
- Questionar: o que estou insistindo em manter, mesmo já tendo acabado?
- O que me pede desapego? E o que em mim deseja nascer?
É nesse intervalo entre a morte e o nascimento que moram os maiores mistérios da alma.
🜂 Morrer não é fracassar
A frase da monja Pema Chödrön, citada no livro A Bruxa Intuitiva, nos entrega uma chave de sabedoria ancestral:
“O nascimento é doloroso e encantador. A morte é dolorosa e encantadora. Tudo que termina é também o início de uma outra coisa. A dor não é uma punição, e o prazer não é uma recompensa.”
O que ela nos diz é que os ciclos não são lineares. Eles não têm vilões ou heróis, não seguem a lógica da punição e recompensa, como fomos ensinadas. A dor não é um erro. A dor é uma passagem.
Toda vez que algo termina — um relacionamento, um sonho, uma identidade — sentimos como se estivéssemos perdendo. Mas, espiritualmente, estamos abrindo espaço.
Para quê? Ainda não sabemos. E tudo bem não saber.
A magia da Lua Nova é justamente essa: não enxergar nada, mas confiar que há vida germinando no escuro.
🌿 Um convite para você
Se você sente que está num momento de encerramento, saiba que está tudo certo.
Você está exatamente onde precisa estar. O frio, o silêncio e a escuridão não são inimigos — são aliados da alma.
Permita-se:
- Fazer um ritual de escrita: escreva tudo o que deseja liberar. Queime, enterre ou entregue à água.
- Meditar em silêncio e apenas escutar seu corpo, sua intuição.
- Plantar algo simbolicamente: uma intenção, uma vela, uma flor — como símbolo do que deseja que floresça mais adiante.
- Dizer “não” ao que já não sustenta sua nova versão.
- E principalmente, abraçar sua própria noite escura, porque ela é o berço do seu novo dia.
Você está renascendo. Pode não parecer agora. Mas há vida se formando no invisível. E ela é sua.